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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Espaço-tempo e além (muito interessante)


Texto escrito originalmente em março de 2004. Lendo hoje em dia, pude perceber que não está tão coerente quanto eu achava que estava na época, mas ainda gosto das possibilidades que esse post levanta (só não tomem isso como uma teoria pseudo-científica, e sim um ensaio filosófico/metafísico).

Lendo o livro Espaço-tempo e além - que trata de relacionar as idéias filosóficas da humanidade com as idéias científicas do nosso tempo, e que com isso procura explicar física quântica de forma descomplicada - me vieram alguns insights que eu gostaria de compartilhar:
Em 1907 o matemático Hermann Minkowski visualizou as idéias de Einstein sobre a relatividade e representou o espaço-tempo como uma figura (acima), que batizou de "cone de luz". Ela mostra um evento isolado ocorrendo num ponto isolado do espaço-tempo. A partir desse evento, se movermos os olhos para cima, na figura, estaremos vendo as consequências futuras desse evento. Se movermos os olhos para baixo, veremos todos os eventos passados que podem ter influenciado o evento em questão (simbolicamente parece muito com a disposição das cartas do Tarot).
Faço aqui um parêntese científico pra explicar um ponto importante na análise dos cones de luz, que diz respeito à questão da causalidade. Sabemos que todo efeito tem uma causa e isso possui uma estrutura temporal que exige que a causa anteceda ao efeito. Você não pode ganhar na loteria e depois então jogar. O princípio da causalidade exige que a causa (jogar) seja realizada antes do efeito (ganhar). Dizemos então que os eventos causalmente relacionados estão dentro do cone de luz na região do futuro. Isso nos diz que um evento, para ocorrer na natureza, precisa ser tipo-tempo. Dito de outra forma, pontos cuja separação são tipo-tempo estão em comunicação. Na imagem acima, os eventos "A" e "B" (em azul) estão causalmente relacionados: veja que o evento "A" ocorre antes do evento "B" na linha temporal. Mas isso não acontece para pontos que são tipo-espaço. Nesse caso o princípio da causalidade é rompido: na região tipo-espaçovocê pode encontrar dois fenômenos (causa e efeito) ocorrendo no mesmo instante de tempo "t", como mostra a figura acima. Nela os pontos "A" e "B" (em preto), situados sobre o eixo X, ocorrem no mesmo instante de tempo, pois sua coordenada "t" é a mesma. Isso quer dizer que as informações emitidas por "A", por exemplo, atingem "B" instantaneamente (velocidade infinita), violando o princípio relativístico de que a maior velocidade em que uma informação pode ser transportada é a velocidade da luz. Diz-se então que, se dois pontos x e y são separados por um intervalo tipo-espaço nada que acontece em x pode ter qualquer influência causal direta sobre o que acontece em y. É por isso que nossa área de "percepção" (digamos assim) é em forma de cone, porque estamos limitados pelo "cone do tempo".
Aí começa a brincadeira. SE ficar provado que o pensamento viaja mais rápido que a luz, ele poderia (em tese) circundar essa limitação. Esse efeito é chamado deOnda quântica, e para os entusiastas da física quântica (e seus derivados new-age) é o pensamento (a consciência) que influencia o que está fora do cone (algo que está para nós como um "estado de possibilidades") e o "teleporta" pra dentro, para o que chamamos de "realidade".
Só que o inverso também pode ser verdadeiro. Imagine que não foi seu pensamento que "trouxe" o evento pra cá, mas sim você (e toda a sua realidade) que se deslocou nessa malha para o lugar onde o evento de fato JÁ É realidade (a conexão entre o ato de conhecer um evento e o próprio evento é muito, muito íntima. Então é como se as coisas que SÃO nunca deixaram de ser, e se achamos que elas mudam, na verdade somos NÓS que estamos nos mudando). Seria como uma mudança de percepção.
Dois monges discutiam a respeito da bandeira do templo, que tremulava ao vento. Um deles disse:
- A bandeira que se move.
O outro disse:
- É o vento que se move.
Trocaram ideias e não conseguiam chegar a um acordo. Então Hui-neng, o sexto patriarca, disse:
- Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos senhores que se move.
Os dois monges ficaram perplexos.

(Koan Zen-Budista)
Então estamos mudando de universo constantemente?
Bem, pelo menos essa é a tese de Everett sobre universos paralelos, onde ele (Everett) decidiu interpretar a onda quântica não como um indicador de probabilidade de alguma coisa ocorrer, mas um indicador do que realmente ocorre. Ou seja, quando você joga uma moeda, em uma realidade ela cai com a cara virada pra cima, em outra com a coroa, e você existe em ambos os universos simultaneamente!
Então, se o pensamento/consciência pode se comunicar com essas outras possibilidades, isso explica os insights, as premonições, as sincronicidades. A pessoa estaria acessando coisas FORA do seu cone. Os espíritos podem então ser consciências que estão deslocadas desse eixo imaginário de eventos no tempo e no espaço, e com essa facilidade alguns poderiam ter acesso aos possíveis eventos passados que ocorreram (ou não) para a concretização da sua realidade atual, e também os possíveis eventos futuros.
A realidade "ordinária" que percebemos não é um universo único, e sim a harmonia de fases dos movimentos através de um número indefinido de universos. Você está surfando por múltiplos universos, e cada um deles (representado pela lâmina do desenho acima) é uma realidade com um número infinito de possibilidades (todas as coisas são possíveis, mas algumas são mais prováveis). Mas não percebemos a transição (do mesmo jeito que você não sente que está rodando junto com a Terra), afinal, sua consciência está sempre em UM ponto, que é sua realidade atual, o AQUI e AGORA.
Imagine esses cones como latas numa prateleira de supermercado. Podemos ver a fileira de latas da frente, mas apenas deduzir que há muitas outras por trás. Todos os que estão na mesma fileira (dimensão) e prateleira (eixo/frequência) estarão compartilhando a mesma ilusão de realidade (por isso não vemos fulano aparecendo e reaparecendo a cada vez que ele faz uma escolha). As fileiras de trás são como uma outra dimensão (no caso, seria a profundidade). Ao morrer (ou dormir, no caso da viagem astral ou sonhos premonitórios) estaríamos jogando nosso foco de consciência para a realidade de outras profundidades.
Leiam também o post "Mirdad: da morte", que traz a mesma perspectiva, mas aplicada de forma poética e espiritualista.

Referência: Conectando-se com o universo (Contém algumas passagens do livro "Espaço-tempo e além");
O conceito de espaço-tempo;
Blogagem coletiva: o cone de luz

e você, onde está e por que?

vencedores


Durante minha viagem ao Campo Base do Everest em 2001, uma equipe tentava chegar ao topo da montanha mais alta do mundo. E no dia 25 de maio de 2001 a conquista do cume foi comemorada de forma especial. Um componente do grupo era Erik Weihenmayer (foto), um alpinista cego. Erik venceu desafios que a maioria das pessoas, com a visão perfeita, não consegue. E o médico que o acompanhava, Sherman Bull, aos 64 anos transformou-se na pessoa mais velha até então a conquistar o cume do Everest. Suas “limitações” foram vencidas, contra todas as previsões.

E pra ficar nos nossos exemplos, quem é que não lembra do Zagallo, aos sessenta e cinco anos, na Copa América de 1997 dizendo ao microfone da Globo: "vocês vão ter que me engolir"? O velhinho tapou a boca de todo mundo...

Pois bem. Erik continua escalando, palestrando e servindo de exemplo. O Dr. Sherman Bull continua nas montanhas. Zagallo só parou por causa da saúde. O que é que esses caras têm de tão especial, que os faz capazes de surpreender diante dos obstáculos, das críticas e da incredulidade das pessoas?

Encontrei a resposta numa entrevista que Erik Weihenmayer deu após retornar do Everest. Perguntado sobre o que fez para – apesar de cego – chegar lá, Erik foi direto:

– Jamais aceitei cumprir o papel que a sociedade reservou aos cegos.

Que tal? A pergunta “o que é que a sociedade reserva pra mim?” só interessa a quem está conformado em ser mais um ressentido passivo.

by Luciano Pires
Durante minha viagem ao Campo Base do Everest em 2001, uma equipe tentava chegar ao topo da montanha mais alta do mundo. E no dia 25 de maio de 2001 a conquista do cume foi comemorada de forma especial. Um componente do grupo era Erik Weihenmayer (foto), um alpinista cego. Erik venceu desafios que a maioria das pessoas, com a visão perfeita, não consegue. E o médico que o acompanhava, Sherman Bull, aos 64 anos transformou-se na pessoa mais velha até então a conquistar o cume do Everest. Suas “limitações” foram vencidas, contra todas as previsões. 

E pra ficar nos nossos exemplos, quem é que não lembra do Zagallo, aos sessenta e cinco anos, na Copa América de 1997 dizendo ao microfone da Globo: "vocês vão ter que me engolir"? O velhinho tapou a boca de todo mundo...

Pois bem. Erik continua escalando, palestrando e servindo de exemplo. O Dr. Sherman Bull continua nas montanhas. Zagallo só parou por causa da saúde. O que é que esses caras têm de tão especial, que os faz capazes de surpreender diante dos obstáculos, das críticas e da incredulidade das pessoas? 

Encontrei a resposta numa entrevista que Erik Weihenmayer deu após retornar do Everest. Perguntado sobre o que fez para – apesar de cego –  chegar lá, Erik foi direto:

– Jamais aceitei cumprir o papel que a sociedade reservou aos cegos.

Que tal? A pergunta “o que é que a sociedade reserva pra mim?” só interessa a quem está conformado em ser mais um ressentido passivo.




interessante...


O GRANDE PLANO DE VIKTORIA STUTZ

publicado em fotografia por  | 1 comentário


Nalguns casos passariam por retratos a óleo bastante vívidos e realistas, com um relevo surpreendente, mas há um elemento mais vivo, que a pintura não tem, a denunciar prontamente as fotografias desta jovem alemã. Uma abordagem fresca à fotografia de cosmética e de moda.


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© Viktoria Stutz (Model: Kim Nguyen / MakeUp & Hair: Charlotte Mailhé).

A vida é efémera e a expressão mais ainda. A fotografia imortaliza muito mais do que é possível apreciar à primeira vista. Viktoria Stutz, verdadeiramente apaixonada pela complexidade das expressões faciais, deixou-se prender pela fotografia de cosmética e de moda. A expressão é privilegiada pelo grande plano, próprio destes géneros fotográficos, e é potenciada ainda pela fotógrafa através do contraste entre produção e simplicidade, entre o arrojo técnico e a beleza crua. Em conjunto com a expressão, a cor e um uso inusitado de materiais são as características chave de um trabalho largamente reconhecido.
Aos 24 anos apenas, conseguiu já o que muitos almejam e buscam por toda uma vida: individualizar-se, criar uma identidade, uma assinatura facilmente reconhecível. E, segundo a própria, não o conseguiu sozinha. A sua história com a fotografia começa muito cedo, com sua mãe, uma herança que se tornou um hobby e, agora, o seu trabalho. Uma evolução desejada por todos, aparentemente natural, mas não tão comum assim.
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© Viktoria Stutz (Model: Clara Z. / MakeUp & Hair: Julia Heiermann).

O primeiro passo para uma carreira foi a formação, e essa fê-la na Universidade de Ciências Aplicadas e Artes em Dortmund, na Alemanha. O resto tem sido um misto de persistência, inspiração e partilha. Para grande parte dos fotógrafos, a fotografia é um trabalho de equipa. Para aqueles que se dedicam à moda e à cosmética, como Viktoria, a ideia de um criador solitário é totalmente posta de lado, e ela é a primeira a admiti-lo. A procura de novos profissionais com quem trabalhar é constante, questionando-se frequentemente sobre quem deveria ser acreditado em primeiro lugar pelo resultado final... O modelo, o maquilhador, o cabeleireiro, ou o fotógrafo, que capta o momento áureo da expressão do todo? Quem ousaria louvar, por exemplo, a equipa por detrás de alguns dos retratos dos grandes pintores? Talvez ninguém, mas a verdade é que há poucas obras estritamente criadas a um só nome. Viktoria parece conhecer exactamente o seu lugar, e sabe que o que faz não seria possível sem uma soma de partes.
Para um fotógrafo, o processo de aprendizagem nunca termina e, para esta iniciante, experiências com a luz e com as suas capacidades técnicas são lugares comuns. Espera fazê-lo ainda mais, trabalhando como freelancer, assistindo outros fotógrafos, viajando e explorando o mundo. No entanto, admite não ser preciso sair de casa sequer para encontrar inspiração ou aprender um pouco. A música, o cinema e a fotografia, claro está, são para ela fontes contínuas e inesgotáveis de inspiração.
Se falarmos da Internet e da sua omnipresença, o maior desafio das mentes criativas, para lá do seu trabalho, não é a pesquisa, mas sim a disponibilidade intelectual para filtrar, da torrente de informação que nos atinge diariamente, a essência, um conjunto muito específico de referências. Fazendo uso das variadas plataformas online para mostrar e promover o seu trabalho, Viktoria Stutz é ela própria mais uma peça neste círculo. Visite o seu tumblrfacebook ou blog, e inspire-se!
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© Viktoria Stutz (Model: Carina P. / MakeUp & Hair: Chris Schild).
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© Viktoria Stutz (Model: Mandy-Kay / MakeUp & Hair: Julia Sieckmann).
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© Viktoria Stutz (Model: Cathryn Rippelbeck / MakeUp & Hair: Nora Schultheis).
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© Viktoria Stutz (Model: Cathryn Rippelbeck / MakeUp & Hair: Nora Schultheis).
cosmetica, moda, stutz, viktoria
© Viktoria Stutz (Model. Lera / MakeUp & Hair: Julia Sieckmann).
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© Viktoria Stutz (Model. Lera / MakeUp & Hair: Julia Sieckmann).
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© Viktoria Stutz (Model: Constanze S. / Nails and MakeUp: Karina Asmus / Stylist: Louisa Witt).
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© Viktoria Stutz (Model: Laura / MakeUp: Eva Pilartz).
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© Viktoria Stutz (Model: Jessica @ModelPool / MakeUp: Julia Sieckmann).
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© Viktoria Stutz (Model: Jessica @ModelPool / MakeUp: Julia Sieckmann).
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© Viktoria Stutz (Model: Jessica @ModelPool / MakeUp: Julia Sieckmann).
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© Viktoria Stutz (Model: Jessica @ModelPool / MakeUp: Julia Sieckmann).


romero
Sobre o autor: alexandre romero, um cidadão do mundo. Classicista, escritor, fotógrafo, pintor experimental, o homem dos mil ofícios.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/09/o_grande_plano_de_viktoria_stutz.html#ixzz2Hwztyh3s