A consciência e seus veículos - Parte II
Outras funções do corpo mental são as de desenvolver os poderes da memória e imaginação, servir oportunamente como veículo independente da consciência no plano mental, servir à consciência como veículo do pensamento concreto bem como expressá-lo no corpo físico através do corpo astral, cérebro etérico e sistema cérebro-espinal, coordenar movimentos do corpo físico para a ação, etc... É importante compreender, pelo menos parcialmente, que, segundo a Tradição-Sabedoria, o corpo físico, o duplo etérico, o corpo astral e o corpo mental são todos mortais formando, em conjunto, o eu inferior ou personalidade - palavra que provém da palavra grega "persona" (literalmente: fonte de onde vem o som) que era o nome da máscara usada pelos atores nos teatros da Grécia Antiga sendo indicativa do papel que representavam. Assim, o eu inferior, quaternário inferior ou personalidade seria a "camada" mais exterior de nosso Ser, a "máscara" com que o Eu Superior, a Tríade Superior ou Ego se manifestaria no teatro da vida.
A última função do corpo mental inferior, ou simplesmente corpo mental, que precisamos citar seria a de assimilar os resultados das experiências vividas, e passar a sua essência, antes de sua morte, para o Ego Imortal, o Homem Real vivendo em seu corpo mental superior, o Pensador, como analisaremos melhor em nossa próxima lição. Esses resultados de experiências vividas são os "tesouros" que Jesus aconselha ajuntar "no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam" (5).Porém esse "cofre espiritual" que é o corpo mental superior ou corpo causal, como é mais freqüentemente chamado por acumular as "causas" do futuro, sendo constituído da matéria sutilíssima dos 3 subplanos superiores do plano mental só pode acumular a essência das mais sublimes experiências de nossas vidas, sendo a imensa
maioria de nossas ações grosseiras demais para atingí-lo.
O corpo causal é também o veículo do pensamento abstrato, em contrapartida ao corpo mental que é o do pensamento concreto. O pensamento é meramente estabelecido de relações entre as imagens presentes em nossa mente, caso essas imagens sejam nomes e formas por um lado, ou conceitos, leis e princípios por outro, teremos, respectivamente, pensamentos concretos e abstratos. Logo, é natural que o corpo causal, chamado 'Vijnámayakosha' pelos vedantinos, que acumula a essência das experiências, trabalhe no nível das leis e princípios que se ocultam das formas mais concretas. Platão chama-o de alma inteligível.
Os outros dois componentes da Tríade Superior são de natureza ainda mais sutil.
O veículo búdico é aquele responsável pela compreensão que ilumina o pensamento, dele provém a luz de 'buddhi' ou intuição que dissolve as dúvidas e desperta a compaixão por todos os seres, visto que no plano búdico já se pode sentir como absolutamente real a unidade de tudo que vive. Esse veículo, comparado freqüentemente a uma estrela de luz cujos raios tudo penetram e tudo abrangem, tem se identificado com o Cristo Interno, referido diversas vezes na tradição Cristã. Talvez o apóstolo Paulo tenha legado a nós a mais bela dessas referências: "Cristo em vós, a esperança de glória." (7) Por sua vez, entre os vedantinos o veículo búdico era chamado de 'ãnandamayakosha', ou seja, veículo ou envoltura de bem-aventurança. Aquele que consegue focar sua consciência nele atinge um êxtase elevadíssimo, somente inferior ao do veículo átmico.
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